Quando a ComDignitatis me convidou para projetar este edifício, senti de imediato um entusiasmo particular, por se tratar de um espaço que é simultaneamente arquitetura e um instrumento de apoio às pessoas. Com base no programa preliminar apresentado, composto por áreas e funções orientadas para o apoio a indivíduos e famílias, organizei o interior do edifício de forma funcional e coerente, assegurando que cada espaço responde adequadamente à sua finalidade.

Com o interior definido, avancei para a fase seguinte: o desenho do exterior. Este momento, para um arquiteto, é sempre um recomeço, quase como encarar uma tela em branco. 

Como se traduz, em linguagem arquitetónica, a identidade de uma instituição com tantas dimensões?

Como arquiteta, no nosso atelier Arte´S – Arquitectura e Feng Shui, procuramos que cada edifício reflita a essência de quem o habita. 

No caso da ComDignitatis, essa tarefa era desafiante pela própria riqueza da instituição: não é apenas uma IPSS direcionada numa só forma de atuação, é um local para diversas terapias, é um centro de dia, é um apoio aos jovens, terapia familiar, distribuição de alimentos e refeições a quem necessita e muitas outras formas de ajuda ao próximo.

Como unir tudo isto numa única expressão arquitetónica?

A resposta surgiu da reflexão aplicada à relação entre a arquitetura do interior e do exterior, entendendo que essa ligação se concretiza através dos vãos/aberturas dos edifícios. 

As janelas e portas, enquanto elementos de transição, estabelecem a ligação física e visual entre o espaço construído e o exterior, permitindo a entrada de luz natural, a circulação de ar e de pessoas, proporcionando a relação entre o dentro e o fora… e, no presente caso, o acolhimento de quem necessite e a possibilidade de a ajuda chegar a quem dela precisa.

E foi aqui que o conceito se tornou evidente. 

Se a ComDignitatis é composta por múltiplas respostas e valências, porque não representar essa diversidade nos próprios vãos? Diferentes entre si, complementares, mas unidos num propósito comum: ajudar o próximo.

Desta ideia nasceu o projeto final. 

Um edifício onde cada janela de dimensão e tamanho diferente (relação do interior para o exterior e do exterior para o interior) simboliza uma valência, uma forma de cuidar, um percurso de vida, um sorriso que se acolhe. 

Um conjunto aparentemente de diferenças que, quando vistas em unidade, contam a história da ComDignitatis.

- Arq.ª Sílvia Suarez -
- Arte´S – Arquitectura e Feng Shui -

No início, em Janeiro de 2025, era um buraco cheio de terra e lama onde era difícil trabalhar e nem S. Pedro ajudava, pois, a chuva não parava de cair!

Mas, com muita resiliência e dedicação da empresa AECI e dos seus subempreiteiros, lá fomos caminhando passo-passo e, dia após-dia, a estrutura da obra ia crescendo e nós acreditando que era possivel edificar tão ambicioso projeto – “a Casa das Janelas Grandes”.

Após a conclusão da estrutura deste edifício, veio a fase seguinte, construir paredes de tijolo e de pladur, abrir roços e instalar tubagem para as diversas especialidades que garantem a funcionalidade e conforto da casa (eletricidade, internet, AVAC, solar térmico, entre outros), e sempre tentando encontrar as melhores soluções e as mais económicas.

Ainda falta algum tempo até “a Casa das Janelas Grandes” poder abrir portas e potenciar o apoio que já presta à comunidade mafrense, mas com o profissionalismo de todos, arquitetos, engenheiros, fiscais e trabalhadores, em breve este sonho se tornará numa realidade.

Para mim, enquanto representante do dono da obra, foi um desafio diário e uma responsabilidade acrescida, mas tem sido uma experiência inolvidável e muito gratificante, sabendo que estou a contribuir para o bem-estar dos meus concidadãos.

- Eng.º Carlos Ribeiro -